A comida muitas vezes desperta sentimentos profundos, podendo trazer lembranças afetivas, mas também carregar traumas, culpas e experiências difíceis. Ainda assim, ela é, acima de tudo, uma forma de afeto. Comer é um gesto genuíno de carinho, capaz de celebrar culturas, fortalecer vínculos e criar momentos de convivência e acolhimento.
Por isso, compreender o papel da comida na sociedade é essencial, especialmente para quem tem algum tipo de restrição, resistência ou relação difícil com a alimentação.
Comida como conforto e conexão
Compartilhar uma refeição vai muito além de nutrir o corpo, é um ato simbólico que cria memórias, reforça laços e expressa amor. Essas experiências, vividas à mesa com família ou amigos, se tornam parte da nossa história e identidade.
Por outro lado, fatores culturais e padrões estéticos impostos pela sociedade influenciam negativamente essa relação. A busca constante pelo “corpo ideal” tem levado um número crescente de pessoas a desenvolver distúrbios alimentares, como anorexia, bulimia nervosa e compulsão alimentar.
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), cerca de 70 milhões de pessoas no mundo enfrentam algum tipo de transtorno alimentar. No Brasil, o número chega a 11 milhões, de acordo com dados da Biblioteca Virtual em Saúde do Ministério da Saúde.
Esses números mostram que, para muitas pessoas, o ato de se alimentar pode vir acompanhado de angústia. Especialistas alertam que usar a comida como resposta para todas as emoções pode gerar dependência alimentar e dificultar o desenvolvimento de estratégias saudáveis para lidar com os sentimentos.
Cultivar uma relação mais equilibrada com a comida é, portanto, um passo importante para o bem-estar, reconhecendo-a não apenas como fonte de energia, mas como expressão de cultura, afeto e cuidado consigo mesmo e com os outros.
